DOMINGOS OLIVEIRA DE SOUSA
4 min readNov 12, 2022

Carta aberta à Maria Bethânia, Gilberto Gil e Caetano Veloso

Domingos Oliveira de Sousa

Faço parte de milhões brasileiros que tem amor por vocês. Desde que me entendo como gente. Vocês passeiam com suas canções e interpretações de canções de outros compositores em meu coração, bem como em minhas reflexões sobre mim e o mundo que se encontra; que se depara comigo todos os dias. Eu comigo e eu com o mundo. Esta seria a razão inicial de escrever esta carta para vocês.

A morte de Gal Costa mexe comigo. Fico inquieto dando voltas por esta casa e pensando em vocês! Olhando para tela do computador e relendo o que escrevi e minha filha “Marina por força de Dorival Caymmi”. Grita “meu pai” para eu ajudar em alguma coisa que ela não consegue fazer sozinha e eu vou ajudá-la.

Lembro que certa vez Jorge Amado falou: “- Cumprimentando Gal Costa e Maria Bethânia todas as cantoras baianas”. Ele, Jorge Amado, pode ter dito de outra forma. Jorge Amado não falava à toa…. Ele sabia o que estava dizendo. Tanto Gal Costa quanto Maria Bethânia cantavam para incomodar os ditadores e a ditatura. Elas, Gil e Caetano fizeram parte da minha juventude. Eu não poderia ficar em silêncio neste momento para vocês e para meus amigos e amigas.

Na na casa de minha mãe, se ouviu muito rádio, quando não escutava discos. Não era só Gal, no entanto eu andava em outras rodas, que Gal era a preferida. Lembro de Iara a irmã de Ubiratan e de Birão também tocavam e viviam seus desejos e sonhos com a música. Enfim, todos gostavam de música e a música gostava deles.

Iara cantava as músicas de Gal Costa. Rai tocava e ela cantava. Fiquei ouvindo uma passagem de Mil Perdões de Chico Buarque “ Ela falava da voz de Gal e “como aquela mulher fazia aquilo com a voz… “. Lembro. Foi neste lugar e com estas pessoas que o assunto era a voz e a interpretação da artista a impressão dada era que a letra era dela e que a própria vivia uma desilusão amorosa. Havia uma apropriação da artista que nem parecia que a composição era de Chico Buarque.

Esta é a questão de Gal e Bethânia. Elas se apropriam das letras dando as vestes que elas pretendem na construção discurso poético. Isto aconteceu com É o Amor de Zezé de Camargo. Era a mesma letra, mas na voz de Bethânia ficou o que ficou (…) . Minha mãe costuma dizer que, “quando Bethânia canta, as outras cantoras, evitam cantar a mesma música”. Isto também aconteceu com Gal.

Neste momento fico pensando em Cesar e Roberval, que, quando os conheci, era Tom Jobim e João Gilberto estavam cravado nos corações jovens daqueles dois. Ele só tocavam Bossa Nova. A impressão dada é que Roberval deixou a Escola Técnica Federal da Bahia pela música pela Bossa Nova. Fizemos algumas canções que não saíram do quarto da casa de Cesar. Este último conseguiu torna-se químico e foi trabalhar no Polo Petroquímico de Camaçari.

Depois de muitos anos, encontrei Roberval na Praça da Piedade em Salvador. Como era de esperar falamos sobre Tom Jobim e João Gilberto. Ele, Roberval, tornou-se professor de música. Leia-se Bossa Nova. Fico pensando como sentiu-se Roberval, quando morreram Tom Jobim e João Gilberto.

Eu Lembro também de Rosan e Yolanda que tem amor muito grande por Gal, Bethânia, Gil e Caetano. Quando possível, eles iam ao Teatro Castro Alves ver e ouvir Gal ao vivo…Ou seja, Muitos destes amigos estão sentido o que sinto neste momento. Um vázio(…).

Fui apresentado à Gilberto Gil em Salvador no prédio do SENAC no Aflitos através de Ildásio Tavares - Professor da Universidade Federal da Bahia — . Houve um evento sobre o Socialismo do Futuro e Gilberto Gil foi falar naquele dia. Isto já faz muito tempo . Gil todo divertido com Ildásio. Eu como sempre tímido e sorridente.

Caetano também faz muito tempo. Houve o lançamento do seu livro de Ensaios “O mundo não é chato”. Fui ao lançamento do livro, não comprei o livro na época. Fui para ver um baiano. A saudade da Bahia era muito grande. O lançamento no Museu Serralves no Porto. Eu morava por perto. Acho que duas quadras do museu. Não lembro se foi por volta das 20 ou 21h. Parecia que não iria ninguém. Em cinco minutos da hora marcada, o teatro lotou. Caetano fez as provocações que deseja com o público de maioria significativa portuguesa e em seguida eles compraram e para fila de autógrafos.

“Aquele Abraço para vocês”